No entanto, por mais que o futebol evolua no sentido de um imenso negócio, continua a ser absolutamente mágico o momento de frisson, de emoção plena que sentimos ao entrar num estádio cheio de adeptos. Conheça a importância do 12º jogador no futebol e saiba porque é que este elemento influencia directamente o jogo.
- A presença do público e, principalmente, o ambiente que cria, é fundamental na motivação dos atletas. Nenhum jogador gosta de actuar perante bancadas vazias. Antes pelo contrário, ele gosta de jogar perante milhares de olhos que o observam, é estimulado a colocar em campo todas as suas competências e a exibir-se com o máximo de empenho.
- Os apupos podem ser elementos de perturbação. No entanto, em alta competição passa-se muitas vezes o contrário: os próprios apupos estimulam o jogador. Já todos vimos entrevistas de atletas a confirmar esta ideia: ser assobiado é muitas vezes um estímulo para fazer mais e melhor. Testemunhos de jogadores de futebol de alta competição, como por exemplo Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, ou Lionel Messi, do Barcelona, afirmam também que se sentem mais estimulados num estádio cheio de adeptos adversários do que num estádio vazio de público.
- Obviamente, o comportamento do público nem sempre é o mais aconselhável para promover um bom espectáculo. No entanto, o exemplo britânico é eloquente quanto àquilo que é e deve ser um bom desempenho do 12º jogador. Em Inglaterra, mais ainda em Gales, na Escócia e na Irlanda, é o público que faz do futebol uma verdadeira festa. O fair-play comanda as atitudes dos adeptos e transmite-se ao interior do campo de jogo. Este fenómeno é ainda mais elucidativo no rugby; os jogos do torneio das seis nações, por exemplo, são exemplos perfeitos dessa festa arrepiante que é o jogo. E que longe estamos, em países como Portugal, desse espírito festivo!
- Um dos aspectos frequentemente negligenciado quando se analisam as causas das fracas assistências a jogos de futebol em Portugal é precisamente este: o que atrai os adeptos é, em grande parte, o ambiente de festa. Portanto, a adesão do público aos estádios cria uma espécie de efeito bola de neve: quanto maior for a adesão, mais candidatos surgirão a participar na festa. Por isso, é incontestável que uma das estratégias para promover a adesão do público passaria por grandes campanhas em que se oferecessem entradas gratuitas ou a preços promocionais que convidassem o público à festa. Caso contrário, as pessoas acabam por ficar em casa a fazer apostas e a assistir aos jogos que passam na tv. Normalmente, esta estratégia de jogo é muito rentável para quem sabe analisar correctamente todos os aspectos que envolvem uma partida de futebol.
- No futebol actual, o papel dos adeptos vai muito além do factor desportivo; eles são essenciais à sobrevivência financeira dos clubes. E não estamos a pensar apenas nas bilheteiras: são os espectadores que compram camisolas e cachecóis; são eles que consomem os produtos do merchandising; são os mesmos adeptos que alimentam as estações televisivas e os jornais desportivos, essenciais para a promoção do clube. Portanto, no futebol actual, ter muitos adeptos significa muito mais do que ter bancadas cheias e bilheteiras recheadas.
- Mas nem tudo são rosas no mundo dos adeptos. Depois da vaga de holiganismo que pintou de negro algumas páginas da história do futebol no século XX, o monstro parece querer renascer, alimentado pelos tempos de crise que passamos e pela manifesta ineficácia das políticas seguidas por muitas SAD’s. Os próximos anos serão decisivos para o futuro do futebol enquanto desporto popular; os dirigentes e os responsáveis políticos têm a palavra.
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