segunda-feira, 21 de abril de 2014

A importância da posse de bola no futebol atual

O tema ganhou atualidade com o sucesso do Barcelona nas últimas décadas a esta parte. De facto, o sistema de jogo do clube catalão, fundado sobre as bases metodológicas e estratégicas do Futebol Total, sistema holandês do início dos anos 70, tem como condição fundamental a posse de bola.

O conceito de posse de bola

Assim, em termos táticos, como enquadrar o conceito de “posse de bola”? O primeiro sistema tático que se preocupou essencialmente com esta variável foi o célebre “carrossel holandês” posto em prática no Campeonato do Mundo de 1974 pela “Laranja Mecânica”, ou seja, a seleção holandesa orientada por Rinus Michels. Segundo esta conceção tática todos os jogadores deviam estar preparados para ocupar diferentes posições no terreno, uma vez que era necessário procurar todos os espaços vazios, a fim de receber a bola e protege-la das investidas adversárias. A posse de bola seria, portanto, facilitada por um movimento coletivo e contínuo, que propiciaria uma evolução ofensiva segura e, ao mesmo tempo, uma ocupação eficaz dos espaços defensivos, impedindo o adversário de jogar.
Mais de 30 anos após a célebre equipa de Rinus Michels, o Carrossel não só não desapareceu como ganhou vida nova, ressuscitado com uma aparência mais moderna e complexa, sob o comando de Pepe Guardiola no Barcelona. Aquilo a que alguns, de forma abusiva, chamam “tiki-taka” não é mais do que a versão aperfeiçoada do carrossel holandês, que já havia sido experimentado noutros contextos, como a seleção espanhola de Luís Aragonés e de Del Bosque.
Mas quais são, afinal as maiores virtualidades deste sistema baseado na posse de bola e passes curtos entre jogadores, sempre em movimento?
  1. A maior das suas vantagens é, sem dúvida, a maleabilidade do sistema: em posse de bola, todos os jogadores estão preparados para assumir diferentes papéis e, acima de tudo, quando a bola está em posse de um colega, a preocupação fundamental deve ser a de procurar um espaço livre para receber a bola nas melhores condições possíveis.
  2. A segunda maior vantagem deste sistema é a sua imprevisibilidade: uma vez que não há funções rígidas, a posse de bola permite constantes processos de improviso, explorando a criatividade de todos os jogadores e dificultando os esquemas de defesa do adversário.
  3. A posse de bola tem o condão de desgastar o adversário de duas formas: em termos físicos, porque o adversário terá de correr mais, uma vez que os detentores da bola colocarão sempre o esférico em movimento, fazendo-o rolar em vez de serem eles próprios a percorrer essas distâncias; por outro lado, um desgaste não menos importante é o desgaste psicológico do adversário, que por vezes cai em verdadeiras situações de desespero por não conseguir recuperar a bola. Isto faz com que uma determinada equipa seja a favorita na realização das apostas desportivas e na apreciação global da comunicação social, o que faz com que os seus adversários sofram por antecipação ao saber que os têm de enfrentar.
  4. A posse de bola é a melhor forma de defender. Impedindo o adversário de circular a bola, é óbvio que estaremos a impedir a sua evolução para a nossa baliza.
  5. A posse de bola tem a virtualidade de explorar da melhor forma todas as competências dos jogadores, tanto no plano coletivo como individual; eles têm sempre oportunidade de demonstrar as suas potencialidades e desta forma o espetáculo torna-se mais atrativo para os espetadores e, acima de tudo, mais eficaz.